SHCU 2010

A CONSTRUÇÃO DA CIDADE E DO URBANISMO: IDEIAS TÊM LUGAR ?

Ao completar 20 anos de realizações, desde 1990, o Seminário de História da Cidade e do Urbanismo já reuniu perto de mil trabalhos nas diversas modalidades de divulgação em suas dez versões anteriores. Esse quantitativo não apenas representa um crescimento na troca de experiências entre pesquisadores, mas, sobretudo, um enriquecimento e evolução de estudos relacionados com essa temática, e com sua diversificação em termos disciplinares e territoriais. Historiadores, arquitetos, sociólogos, antropólogos, geógrafos, dentre outros pesquisadores no campo das artes, ciências sociais e humanas, têm promovido reflexões que envolvem múltiplas dimensões da cidade. A troca de experiências que o SHCU tem agenciado extrapola os limites territoriais nacionais, estendendo-se desde as Américas a outros continentes. Esse intercâmbio vem permitindo articular entendimentos basilares da construção da cidade e da constituição do urbanismo no Brasil, bem como debater tendências e repercussões interpostas ao longo da história.

Tema presente no escopo das preocupações do SHCU, a circulação de ideias e práticas retorna expressivamente em Recife, nos debates do X Seminário. Nessa oportunidade, Leme indica a importância desse debate na reflexão acerca “[…] da formação da sociedade brasileira produzida pelo campo da arquitetura e urbanismo” na atualidade. Destaca ainda que, nos últimos 20 anos, as discussões giram em torno das noções de “influência”, “transferência e tradução” e “ressonância”, procurando respostas para a “[…] complexidade das formas assumidas na circulação de idéias” no processo de construção das cidades. Cativados por essas inquietações, os organizadores do XI SHCU, tiveram como perspectiva ampliar a compreensão das questões que envolvem esse tema nas atuais agendas, da mesma maneira que estimular futuras frentes de pesquisa.

Assim, o XI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo teve como temática central a discussão da circulação e difusão das ideias no processo de construção das cidades e na instituição do urbanismo como disciplina e prática profissional. Afinal, as ideias sobre as cidades têm lugar? Gerações de urbanistas e planejadores voltaram-se para a busca de soluções para as cidades. Suas propostas, de uma forma ou de outra, remetem às teorias e às práticas urbanísticas. Inúmeros foram os mecanismos que possibilitaram a circulação das ideias e a sua difusão nos meios acadêmicos e profissionais. Seja como transposições seja mesmo como transferências de modelos, seja como repetições ou reinterpretações em contextos particulares, essas ideias tiveram o poder de desenhar e alterar a configuração de nossas cidades. Reitera-se, assim, a necessidade de reflexão sobre as ideias que envolvem a instituição do urbanismo como campo disciplinar e prática profissional, corroborando a contribuição dos que pensaram a cidade. Compreender o contexto em que se inserem suas proposições é peça fundamental no aprimoramento de abordagens futuras. Propostas globais, planos de conjunto, projetos parciais, diretrizes urbanísticas, pensamentos que ficaram no papel ou práticas que se mostraram incompletas… É dessa natureza o leque de preocupações que remete à indagação: afinal, ideias têm lugar?

Artigo aceito

O CADERNO DE VIAGEM, O ENSINO E A PERCEPÇÃO DA CIDADE | Prof Dra Simone Helena Tanoue Vizioli

Site do evento: http://web3.ufes.br/xishcu/index.php?c=apresentacao&language=portugues