Data: 03/07/2019.
Local: CPDig 1 – Instituto de Arquitetura e Urbanismo, USP, São Carlos.
Resumo:
Desde 1960, o termo ‘participação’ tem nomeado uma multiplicidade de discursos e práticas localizadas entre os campos da arte e da arquitetura e urbanismo. Abrangendo desde as tecnologias do planejamento urbano dito ‘inclusivo’ até formas alternativas de produção e de apropriação de edifícios e espaços livres, as espacialidades da participação apresentam em comum o enfoque sobre processos sociais de toda ordem. Longe de configurar um lugar comum de experimentação, estas novas formas de se pensar e produzir o espaço revelam o que a historiadora e crítica de arte Clair Bishop (2006) chamou de “mudança de contexto” da participação: entre sua “emergência crítica” durante as décadas de 1960 e 1970, e um difuso processo de “hegemonização” até os dias atuais, a participação aparece profundamente ligada a processos de transformação de ordem mais ampla. O interesse estético em novas formas de sociabilidade ou a abertura do espaço para o envolvimento de seu público se confundem com terminologias como a do capital social e afetivo, da economia criativa e mesmo da cultura participativa das novas tecnologias de redes digitais. Desta perspectiva, a pesquisa busca investigar as condições de possibilidades para a emergência destes novos discursos e práticas. Através de uma análise histórica e crítica, procura entender a participação como uma estrutura de discurso-prática para o domínio da formação discursiva da racionalidade neoliberal. Esta que produz formas de governamentalidade baseadas no poder sobre a vida (PELBART, 2009) e o ethos do sujeito ativo, competitivo e autorrealizável (DARDOT e LAVAL, 2016). Nestes termos, procuramos construir perspectivas conceituais capazes de evidenciar aspectos centrais que tem caracterizado a produção contemporânea do espaço.
Palavras-chave: Participação; Biopolítica; Neoliberalismo; Espacialidades Contemporâneas; Arte e Arquitetura.