Qualificação de Doutorado de Gabriel Teixeira Ramos
Data: 01/07/2019
Banca:
David M .Sperling (orientador)
Prof. Dr. Vladmir Bartalini (FAU-USP)
Prof. Dr.Paulo César Castral (IAU-USP)
Prof. Dr. Vladmir Bartalini (FAU-USP)
Prof. Dr.Paulo César Castral (IAU-USP)
Resumo:
Pelo menos desde a década de 1960, as representações produzidas pelo campo do urbanismo no campo das velocidades urbanas têm se limitado ao posicionamento geográfico do observador, desconsiderando, em boa medida, a experiência encarnada dos sujeitos, os atores e agentes estratégico-políticos de formação do território. Isto faz com que sejam reivindicadas a visibilização de distintas formas de produção e apreensão urbanas, que são experimentadas pela disputa entre velocidade (VIRILIO, 1996) e lentidão (SANTOS, 2001), em representações urbanas complexas. Para esta compreensão, em um primeiro momento desta pesquisa de doutorado, engendra-se uma noção de velocidade relacionada a governo (VIRILIO, 1996) e dispositivo (FOUCAULT, 1989; AGAMBEN, 2005), com objetivos de normatizar, determinar, controlar e gerir a vida de maneira efciente, em um governo da velocidade. Somado a isso, aposta-se que, por meio das práticas de cidade (DE CERTEAU, 2013), ocorram rupturas e escapes cotidianos, concebidas enquanto lentidões. Com esta disputa colocada, em um segundo momento, analisam-se representações urbanas que, sob o prisma da velocidade, emergiram entre as décadas de 1960 e 1980, de maneiras e contextos específcos, como pela leitura da morfologia das estradas (“The view from the road”, APPLEYARD, LYNCH & MYER, 1965); da comunicação e simbolismo do corredor comercial (“Learning from Las Vegas”, VENTURI, SCOTT BROWN & IZENOUR, 1972); da inserção de uma perspectiva de velocidade a partir do caminhar (“Townscape”, CULLEN, 1961); e da sistematização tripartite do pensamento em arquitetura, formada por espaço, evento e movimento (“The Manhattan Transcripts”, TSCHUMI, 1981). Em um terceiro momento, realizam-se aproximações ao contexto dos anos 1990 até o presente, quando surgem representações de fora do urbanismo, que incorporam dimensões tecnológicas, participacionais e minoritárias, podendo auxiliar a compreender a leitura da velocidade e lentidão. As escolhidas para este estudo insurgem por meio de um compilado de estratégias de governo e relações de poder (“Un Atlas des Priorités”, BUREAU D’ÉTUDES, 2015); de mapeamentos da precarização das formas de acesso e do direito à cidade (“Manual de Mapeo Colectivo”, RISLER & ARES, 2013); de cartografa de afetos e apreensões sensíveis do cotidiano (“Atlas Ambulante”, MARQUEZ & CANÇADO, org., 2011); e de esquemas do cotidiano com inserção de códigos digitais e tecnológicos (“On Broadway”, GODDEMEYER, STEFANER, BAUR & MANOVICH, 2016). Por fm, em quarto e último momento, apresenta-se este trabalho em confuências a diferenças e especifcidades, experimentações de distintos saberes, apostando-se em análises e proposições relacionadas a uma “estética do mapeamento cognitivo” (JAMESON, 1991), compreendendo-a por meio de uma política do ato de cartografar (SPERLING, 2017). Por meio delas, visa-se tomar um posicionamento cartográfco, tensionando velocidade e lentidão, tornando-as visíveis no território usado (SANTOS, 1994) de “infovias” (onde circulam sujeitos, mercadorias e informações), tendo como objeto empírico a Rodovia Dom Pedro (Campinas/SP), por meio de diferentes apreensões urbanas, numa esquemática trama.
Palavras-chave: Velocidade; Lentidão; Território; Cartografas; Infovias.