Se antigamente os antigos cinemas da Cinelândia Paulistana eram capazes de reunir multidões em salas que comportavam milhares de espectadores, pouco mais de meio século depois, estes permanecem na região apenas como rastros, em letreiros desbotados e galpões abandonados ou subutilizados. Neste trabalho não se buscou reproduzir a tipologia do cinema, mas sim entender a força destes espaços de maneira a enxergar novos potenciais de uso coletivo condizentes com as novas e multiformes camadas de memória, significações e disputas que existem na região. 

Através de diretrizes para quatro cinemas no entorno do Paissandú, são propostos novos equipamentos que supram carências programáticas da região, de maneira que cumpram funções sociais voltadas para a população local. Dentre os quatro, o Cine Art-Palácio, de autoria de Rino Levi, foi selecionado para o desenvolvimento de um Projeto Piloto. Neste buscou-se respeitar a pré-existência de um dos mais simbólicos cinemas da era de ouro da Cinelândia, se beneficiando de sua localização estratégica e forte espacialidade para criar novas conexões com seu entorno, de maneira em que os novos usos e ocupações se revelem ao transeunte por meio de um caminhar episódico, oferecendo novos palcos para o desenrolar da vida cotidiana.