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Em evento no CAU-SP, professor do IAU defende que formação do arquiteto é um projeto intelectual

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“A formação do arquiteto é, antes de mais nada, um projeto intelectual”. Foi com essa frase que o professor Renato Anelli, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP São Carlos, abriu sua palestra na mesa redonda “Educação e a Formação Continuada”, parte da 2ª Conferência Estadual do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) do estado de São Paulo.

O evento foi realizado no último dia 16 de novembro na capital paulista. O professor Anelli participou do debate em mesa composta por Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) do Mackenzie; e de José Roberto Geraldine Júnior, conselheiro federal do CAU-BR. A coordenação da mesa ficou a cargo de Débora Frazzato, professora da Puccamp e conselheira da Comissão de Ensino e Formação do CAU-SP.

Para o pesquisador do IAU, a formação plena de um arquiteto não se resume a uma competência técnica, apenas atendendo as atribuições estabelecidas por lei. Para ele, é necessário que as escolas ofereçam condições para a formação de profissionais capazes de pensar e construir o país. Segundo Anelli, isso exige formação teórica sólida e um radical mergulho na realidade de nossas cidades.

“O colapso urbano que vivemos exige de nós, professores e estudantes, enfrentar o desafio de entender e transformar as cidades. Graças ao Estatuto da Cidade, a ação do arquiteto não se limita apenas ao plano ou ao projeto, sendo cada vez mais urgente sua participação na definição de políticas públicas urbanas”, explica o professor do IAU.

Anelli analisa que o escopo das áreas de atuação do arquiteto no Brasil, por não admitir a especialização na graduação, abrange um gigantesco leque de conhecimentos, exigindo reflexão sobre a capacidade dos cursos atuais em oferecer condições mínimas para sua formação.

“Conceber a formação em um processo que ultrapassa os limites dos cursos de graduação exige discutir a formação continuada. As diferentes modalidades dos cursos de pós-graduação ainda se destinam à formação de professores, sendo pouco comum pensar a inserção de doutores diretamente na produção do ambiente urbano”, destacou o pesquisador do IAU.

Questionando sobre qual deveria ser o papel do CAU nessa formação, Anelli alertou quanto ao risco da excessiva ênfase na regulamentação de atribuições:”O CAU tem o poder de estimular a reprodução de boas práticas de formação, contribuindo com seu aprimoramento”. Nesse sentido o professor Caldana aprofundou o tema, defendendo que a atribuição de competências dos profissionais deveria estar diretamente relacionada com sua trajetória de formação e não automaticamente definida por uma portaria, como ocorre atualmente.

Já o professor Geraldine relatou os avanços da relação entre o CAU e o Ministério de Educação (MEC), inclusive na utilização dos resultados no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para controlar a qualidade dos 400 cursos de Arquitetura e Urbanismo hoje existentes no Brasil. Ele apresentou ainda alguns informes sobre a revisão das diretrizes curriculares atuais, que trará forte impacto nos processos de formação do arquiteto urbanista.