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Pense no velho!

Quando se fala em arquitetura, pensamos imediatamente em construção de algo novo, mas dificilmente na preservação de algo velho, o que tem se tornado cada dia mais necessário, especialmente por questões ambientais.

No projeto “Patrimônio e Mídia Digital”, coordenado pelo Núcleo de Estudos de Habitares Interativos do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (NOMADS- IAU/USP), do qual fazem parte os docentes Anja Pratschke e Marcelo Tramontano, conservação é uma premissa e, mais do que isso: uma filosofia orientadora.

Dentro deste projeto, vários outros são abrangidos, entre eles o de iniciação científica da aluna de graduação, Maria Clara Cardoso. Orientado por Anja, o trabalho, intitulado “Levantamento e leituras de estudos de caso sobre a inserção de recursos digitais na gestão e preservação do patrimônio”, teve como principal diferencial as metodologias utilizadas, que abarcaram estudo de caso, levantamento bibliográfico e dois experimentos. “Primeiro, fizemos levantamento de textos contemporâneos sobre patrimônio, educação e gestão. Posteriormente, juntamente com as doutorandas Sandra Schmitt Soster e Jessica Aline Tardivo, fizemos oito estudos de caso sobre educação patrimonial”, explica a docente.

Dentro dos dois experimentos realizados, um deles teve Brotas (SP) como campo empírico, onde foi feito um mapeamento da cidade, que contou com a participação direta de algumas entidades do município, em especial as Secretarias Municipais de Educação e Cultura e a Escola de Ensino Fundamental “Álvaro Callado”, a ONG “Casa Júa” e a própria população da cidade, que auxiliou na estruturação e implementação da investigação.

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Alunos durante o percurso fotográfico guiado. Brotas, 2018 (Fonte. Arquivo da pesquisa, Tardivo, 2018)

Anja destacou o envolvimento da população de Brotas no projeto, especialmente dos alunos das escolas participantes, que auxiliaram no levantamento temático, e produziram fotomontagens a partir das leituras e interpretações sobre tudo que viram em um passeio guiado. “Tudo isso resultou em uma exposição na praça central ‘Amador Simões de Brotas’. Os pais dos alunos e os habitantes da cidade prestigiaram a exposição. A ideia foi chamar a atenção para a cidade e focar em sua conservação, mostrando tudo de belo que ela tem”, diz Anja. “Utilizando smartphones e softwares livres para edição de imagens, todos os participantes puderam fazer um mapeamento completo da cidade, provando que, com poucos recursos, é possível conhecer e, sobretudo, preservar”.

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Oficina de Fotocolagem digital. Brotas, 2018 (Fonte. Arquivo da pesquisa, Tardivo, 2018)

O interesse em preservar

De acordo com Anja Pratschke, o tema de preservação e patrimônio é de interesse de diversos grupos de pesquisa e alunos do IAU. “O interessante do patrimônio é que não é preciso se pensar em um projeto: a obra já está ali e, como arquiteto, o pensamento será voltado sobre como valorizar o que já existe”, explica.

O tema, além de interdisciplinar, tem o apelo da sustentabilidade, já que a recuperação daquilo que já foi construído custa muito menos para o meio ambiente do que começar construções do zero.

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Exposição das Fotocolagens na Praça Amador Simões. Brotas, 2018 (Fonte. Arquivo da pesquisa, Tardivo, 2018)

A temática também tem ganhado relevância no meio acadêmico e prova disso é o trabalho da própria Maria Clara, que foi destacado na etapa internacional do Simpósio Internacional de Iniciação Científica e Tecnológica (SIICUSP), recebendo menção honrosa. “Além de trazer uma diversidade de metodologias, que oferece entendimento diferenciado, Maria Clara teve muita disposição em realizar o estudo, e isso foi o que realmente fez a diferença”, conclui a orgulhosa orientadora.