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Incêndio destrói o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio De Janeiro

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_ A certeza da incúria dos governantes e da responsabilidade do atual Governo Federal sobre a desastrosa política econômica, social, educacional e cultural não precisava de nenhuma confirmação. Mas ela veio sob a forma da mais dura tragédia, que nos deixa atordoados e perplexos. Mesmo aquele que nunca pode visitar o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ encontra–se tomado por um sentimento de perda difícil de ser descrito. A maior tragédia museológica do país, a destruição calculada em 90% dos mais de vinte milhões de itens que compunham o acervo de um dos 5 maiores Museus de História Natural do mundo, afora o dano da própria histórica edificação (1818), afeta a todos, destrói o trabalho de gerações de pesquisadores e especula uma noite sombria sobre o futuro dos demais museus, instituições científicas e culturais do país. Não devemos esquecer que o Museu Paulista da USP, ou Museu do Ipiranga está há 5 anos fechado para reforma, mendigando recursos, e com a promessa de reabertura para 2022; que devido a problemas estruturais, o terceiro andar do Museu da República, instalado no Palácio do Catete no Rio de Janeiro, encontrava–se fechado para visitação; que em 2010 um incêndio no laboratório de répteis do Instituto Butantan, em São Paulo, destruiu um dos principais acervos de cobras, aranhas e escorpiões do mundo e o maior do Brasil, com a queima mais de 70 mil espécies, ali conservadas; que a Biblioteca do Centro de Memória – Unicamp (CMU), maior acervo documental da história de Campinas e região, teve a sua visitação pública interrompida em julho deste ano pela Reitoria, em função da crise de financiamento das universidades paulistas, dentre outros exemplos

A perda incalculável do patrimônio do Museu Nacional, infelizmente, não está só, e a possibilidade de novas tragédias não pode ser relevada. A cada momento uma peça deixa de ser conservada, uma goteira não é solucionada e uma estrutura fica a beira do colapso. A incúria, que não parece ter fim, tem preço. Ou vários preços. Um deles, pode ser citado com a obra do mediático e supérfluo Museu do Amanhã que custou R$ 215 milhões em 5 anos de execução, afora vários custos não declarados e outros relativos à sua manutenção. Que triste ironia, em uma mesma cidade, Amanhã apartado de História. Para termos uma ideia do que o custo dessa obra representa, o orçamento anual de manutenção do Museu, que segundo o jornal Folha de São Paulo, não vinha sendo repassado integralmente, é de 520 mil reais anuais. Em uma simples conta aritmética, 82 vezes menor do que, proporcionalmente, cada ano de custo da obra.

Diante disso, acompanhamos os termos da nota do Instituto Brasileiro de Museus, que afirma: Tamanha perplexidade que toma a todos, nos defronta com o maior desafio dos museus: consolidar e implementar uma política pública que garanta, de forma efetiva, a manutenção e conservação de edifícios e acervos do patrimônio cultural brasileiro.

O Instituto Brasileiro de Museus (e o IAU-USP) manifestam solidariedade aos servidores e pesquisadores do Museu Nacional nesse triste registro de sua história.

Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – IAU-USP

CAU/BR: Patrimônio Histórico: Nota do CAU/BR sobre a tragédia do Museu Nacional
“Basta! Os valores que nos identificam como sociedade não podem virar cinzas como o Museu Nacional. Conclamamos o Estado, os arquitetos e urbanistas, as universidades, os intelectuais, as entidades de classe, enfim, a sociedade brasileira a se mobilizar. O basta! deve vir de toda sociedade. Dos estudantes ao Presidente da República”.

IAB-DN: A irreparável perda do Museu Nacional
Entidade sugere a criação de um fundo permanente que garanta a manutenção dos museus nacionais e a preservação do nosso patrimônio cultural, a ser gerido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM).

FNA: Museu Nacional: perda inestimável para o patrimônio e a história da humanidade
“A Federação e seus sindicatos vêm a público repudiar a política de abandono do patrimônio público e histórico brasileiro”.

Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM: Nota sobre o incêndio do Museu Nacional, da UFRJ
“Tamanha perplexidade que toma a todos, nos defronta com o maior desafio dos museus: consolidar e implementar uma política pública que garanta, de forma efetiva, a manutenção e conservação de edifícios e acervos do patrimônio cultural brasileiro”.

Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior: Nota da diretoria do ANDES-SN sobre o incêndio do Museu Nacional (RJ)
“Em meio a um cenário de lamentos e de indignação, reiteramos a necessidade da luta organizada para denunciar a ausência de investimentos na área de Ciência e Tecnologia, bem como de Educação e Cultura”.

CAU/SP:
http://www.causp.gov.br/nota-oficial-do-cau-sp-sobre-incendio-do-museu-nacional-no-rio-de-janeiro/
” O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo externa seu profundo pesar diante do incêndio que consumiu neste domingo, 02/09, o palacete imperial que abrigava um dos cinco maiores museus de História Natural do mundo: o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, criado por D. João VI em 6 de junho de 1818 “.