DIÁLOGOS BRASIL_URUGUAY

_Arquitetura, Cidade E Território: construções históricas e problemas historiográficos

O ciclo de debates foi concebido em torno de problemas de historiografia, principalmente da história urbana, agregando os campos da Arquitetura e do Urbanismo na construção em diálogos com outros campos disciplinares, que também tomam a cidade e o território como campos de análise, com a possibilidade de tratar a temporalidade das pesquisas dos participantes que estudam o século XX, seja na história de longa duração, seja em períodos bem específicos. Neste sentido, destacam-se temas que contém problemas complexos recaindo nas formas de interpretação vinculadas a visões da realidade e caminhos metodológicos que se conectam, ou por vezes se chocam, promovendo novos enfoques.

Esta perspectiva de diálogos interdisciplinares entre pesquisadores e pesquisadoras do Brasil e do Uruguay resultou num conjunto de 5 temas. Um tema central do ciclo de debates é o questionamento sobre como se escreve a história da Cidade e do Urbanismo em ambos os países, tendo em vista a diversidade de escala em relação ao âmbito universitário e às dimensões e diferentes complexidades nacionais.

Sobre o tema da habitação, o interesse se detém na história das políticas estatais de produção habitacional, a tangência entre os dois países em relação à trajetória das propostas tecnológicas para a construção e das ideias de ajuda mútua, nucleadas na FUCVAM (Federación Uruguaya de Cooperativas de Vivienda por Ayuda Mutua) e sua recepção no Brasil. Ademais, propomos a reflexão sobre os tipos de edifícios em relação com a habitação social desde o início do século XX até nossos dias e os problemas historiográficos gerados segundo as tipologias trabalhadas, que atravessam os campos político-culturais (como estratégias de pesquisa) e as tecnologias artesanais (que podem ser abordados tanto do ponto de vista do cooperativismo e da genealogia da atuação dos atores, como grupos católicos, quanto a partir da visão crítica, como a construção da comunidade).

Articulado aos dois primeiros temas, o terceiro trata de abordar a trajetória de diferentes culturas técnicas e professionais, assim como de instituições do Urbanismo no Brasil e no Uruguay, destacando que, para ambos, a década de 1950 representa um marco na construção de um campo de ação e formação, a partir da universidade, de um perfil técnico do urbanista no interior do Estado, seja na promoção de organismos públicos para o planejamento urbano, seja na compreensão do papel do município nesse processo.

Com o objetivo de problematizar esses três primeiros temas e sua trajetória de construção historiográfica, o quarto tema introduz novos enfoques críticos do ponto de vista dos estudos de classe, gênero e étnico-raciais, que ampliam os componentes narrativos da história da Cidade e do Urbanismo em ambos os países.

O quinto tema, de caráter analítico e com orientação propositiva, aborda a análise crítica sobre desenvolvimento, território e ambiente, com o objetivo de explorar enfoques contemporâneos sobre planejamento territorial como a macrocefalia, os sistemas urbanos e metropolitanos, bem como a atuação das grandes corporações promotoras de desastres ambientais. Além disso, é importante considerar a sempre presente dicotomia campo/cidade e, ante a pandemia da Covid-19, recolocar a urgência da discussão sobre a desconcentração metropolitana, buscando chaves para entender o modelo de desenvolvimento implantado durante o século XX, gerador de desigualdade com intensa expressão no território, buscando apontar perspectivas de transformação no marco democrático.